O QUE NÃO SE VÊ - VAL LAMIM





OBRAS



























A ARTISTA

VAL LAMIM


Grande apreciadora das artes (pintura, fotografia e música), iniciou os estudos de pintura (óleo e aquarela) em 2012, na ABRA, sob orientação do professor e artista plástico Rubens Pontes, e, em 2014, o curso de aquarela (ainda em andamento), sob orientação do professor Wagner Zuri. Profissionalmente, é tradutora/intérprete (inglês-português), com vários títulos já traduzidos para diversas editoras, mas dedica as horas livres ao exercício da pintura com suas várias técnicas. Entre os temas retratados em seus trabalhos estão, basicamente, as figuras humanas, sobretudo o corpo feminino em suas distintas fases da vida, e as crianças em sua singeleza, inocência e carisma. Quanto aos recursos estéticos, concentra-se em cortes cinematográficos e na impressão de transparências e das sutilezas do ser feminino, e num jogo com o real, o lúdico, o leve exibicionismo e o olhar do voyeur. 

contato com a artista: valeria.lamim@yahoo.com.br


ENTREVISTA COM VAL LAMIM

O que não se vê, título da exposição, se refere a intimidade feminina ou algo além desse significado? 

O título refere-se exclusivamente à intimidade feminina com sua diversidade de sentimentos, fragilidades, devaneios e emoções, bem como ao universo de experiências vividas pela figura retratada. Em alguns trabalhos desta exposição o título se refere também ao observador como uma espécie de voyeur, instigado por uma cumplicidade à distância e pela percepção do desejo enquanto vê o corpo feminino parcialmente revelado e imagina o que não vê.  

No Facebook e alguns sites de arte, os artistas que fotografam e pintam nus sofrem com a censura em suas obras. O que nos diz a artista desta atitude de alguns órgãos que não definem o que é arte e o que é pornografia? 

Há muito se discute, e sem consenso, a questão do limite entre a arte e a pornografia. Para alguns, o pornográfico se caracteriza pela explicitação de atos sexuais e partes do corpo (incluindo a genitália), enquanto o erótico apresenta o corpo de maneira mais sutil. Acredito na arte como um meio de libertar-se. Ela ultrapassa normas, preconceitos e modelos estéticos frequentemente aceitos pela cultura e/ou pela sociedade. Na minha opinião, grande parte da censura a este tipo de manifestação artística é fruto da mentalidade preconceituosa que sempre demonizou o nu e as diversas formas que buscam representar o que é natural entre os seres humanos. 

É engraçado como as formas harmoniosas do corpo feminino causam diferentes reações, do extremo pudor a atração física descabida. Como mostrar o nu feminino além do belo, mas algo natural e digno de respeito? 

O corpo feminino é belo por natureza. Não acho que cabe ao artista limitar sua expressão do nu feminino para evitar um possível desrespeito por parte do apreciador. O artista pode, sim, criar arte para que se respeite a mulher, mas, mais uma vez, o desrespeito à mulher parte ou não de quem observa a arte. Como eu já disse anteriormente, há muito preconceito em se tratando do nu artístico e, dependendo do nível desse preconceito, o observador poderá repelir até mesmo uma expressão sutil do corpo feminino. 

Suas obras revelam um universo feminino cheio de nuances, a suavidade da pintura, a delicadeza dos traços, a fragilidade, cenas oníricas e sensuais. Nos dias atuais algumas mulheres estão perdendo um pouco dessa feminilidade que as tornam mais românticas? 

Depende de como o indivíduo define feminilidade. O que não é feminino para mim pode ser feminino para outra pessoa e vice-versa. Para mim, as mulheres, vítimas de séculos de repressão e abuso, estão se impondo e aprendendo a defender seus direitos, e isso não diminui nem um pouco sua feminilidade. Pelo contrário, é uma luta que a enobrece. O problema do mundo, que é machista, é que ele diz à mulher como ela deve ser para manter a feminilidade que esse mundo idealizou para ela. 

O que a move a fazer releituras de fotógrafos renomados como Vernon Trente, Michael Magin entre outros? 

Eu me identifico com este universo feminino retratado nas imagens desses e de tantos outros fotógrafos renomados. Há neles sofisticação, um segundo plano simples que chama a atenção, quase exclusivamente, para a figura humana retratada, e uma presença marcante do ser feminino em sua solidão, sua inocência, sua sensualidade velada, seus desejos, sua naturalidade e sua busca da própria identidade.

Profissionalmente você é tradutora e intérprete, mas usa o tempo livre para fazer suas pinturas. Criar nesse momento é um hobby, um aprendizado ou o faz por puro prazer? 

São as três coisas e também uma possibilidade de ampliar minha área de atuação. Quero dizer, escrever coisas autorais e usar minhas pinturas como ilustrações para os textos.

Trabalhar com livros nunca a inspiraram a querer fazer a ilustração ou as capas de livros?

Com certeza. Aliás, o projeto O que não se vê surgiu graças a uma série de poesias que tenho escrito. As pinturas servirão como ilustrações para elas e, quem sabe, um livro no futuro.

Apesar de estar debutando nas artes, você possui traços e intuição genuinamente artística. Quando começou o gosto pela pintura? 

Sempre fui admiradora das artes em geral e, em especial, a música, a literatura, a fotografia e a pintura. O gosto pela pintura sempre existiu. Mas, por se tratar de uma área muito difícil no nosso país, decidi me estabelecer profissional e financeiramente antes de me dedicar à pintura. 

O que um voyeur ou espectador comum buscam numa obra de arte? A beleza, o diferente ou quer ser surpreendido? 

Acredito que o apreciador de arte, em geral, busque o belo, o diferente, o surpreendente, mas também que essa arte transforme, transgrida, inove, seja imaginativa e permita sonhos.

Quais os próximos projetos da artista? 

Meu próximo projeto tem a ver com o mundo das crianças: cenas infantis retratando o espírito puro, alegre, divertido e inocente das crianças

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